18 de abril de 2006

Cá cos meus botões

A arte tem aquilo do intenso que está sempre nos escapando. Acho que a aprendizagem do artístico está em estudar em si jeitos de deixar esse intenso escapar positivamente por vias expressivas; tomar ar, não ficar preso no corpo. O corpo como uma passagem. Entrega e controle (vá lá chamar isso de disciplina) do que há de mais surreal e mais puro em nós.

Me dei conta que há certas coisas pontuais que só faço quando estou bem (ou seja, livre, desbloqueado, "desencouraçado"). Claro que não pontuais há várias. Mas essas coisas, esses pequenos atos, eles como que naturalmente me acometem. Atos pelos quais sou acometido.

A graça tem muito disso, o cômico. Em mim, é marcante que eu escreva, e é marcante que eu cante. Na rua, em qualquer lugar, assim, sem querer.

Toda expressão intensa que vem como que por si mesma vai em dois sentidos, ao menos: medida de desembotamento, e desembotamento. O que nos abre, nos mostra abertos. Abertos de uma permeabilidade que pode até ser lindamente seletiva. Aberto ao intenso, não aberto ao que nos fecha.

É tão sutil...

Vai lá, Ieve, basta imaginar o Pedro cantando na rua sem se dar conta. Foi tu a me dizer que isso era bacana. Mas naquela época me soou bacana assim, sem mais, bacana por bacana, o que já é demais - ainda mai vindo de ti. Lembro de dizer pro Leco, também e doutra feita, que havia percebido não estar muito bem porque fazia tempo que não cantava. Ai, ai...

Taí: pequenas descobertinhas. Deu vontade de contar... Assim, em primeira pessoa, mesmo. Pode?

(Sempre tive medo de tornar esse blog blog demais...)

Beijos!

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