20 de fevereiro de 2009

51%

Do centro tempestuoso de um momento de solidão, meu espírito me disse: "enquanto tu tiver estrada para pegar por ti mesmo e a chance de tua própria convivência, tudo estará bem."

É tão contrário a uma boa resposta à solidão... mas eu acreditei. Porque há uma sensação nisso tudo... Uma sensação-mundo, uma sensação sem muro, um encontro comigo mesmo. Com toda a saudade que existe. Com todas as pessoas que eu amo, que é o que levo dessa vida, nessa vida.

E nisso... nisso eu posso me segurar.

15 de fevereiro de 2009

Leitor

Um livro tem vida. É quase uma entidade. Te abraça, te chama, te repudia. E a relação com ele fica chata, excitante, curiosa.

Um livro é vida. Vida condensada, investida, pulsante. E quando se chega nesse nível só resta bebê-lo, tragá-lo, se nutrir da vida que há nele, quase autônoma a nossa, cheia de energia.

É assim que leio. E quando finalmente acesso a vida que é o livro, ela me rodeia. E eu mergulho.

12 de fevereiro de 2009

eu medito e percebo que tenho uma outra respiração, menor e mais ampla, e eternamente mais serena, por debaixo da minha respiração normal. e percebo que minha respiração "normal" é cheia de controle nervoso ou algo assim e como que barra essa outra.

eu medito para encontrar minha calma interior. é esse meu desafio agora.

8 de fevereiro de 2009

On the Road

Até as coisas tortas tem sua certeza. Esteja onde esteja.

Não sei como faço essa viagem, mas não questiono. Sigo ou fico. Nunca estaria aqui se não fosse assim.

Tem momentos da estrada que tudo é tão imenso e maravilhoso que tenho vontade de chorar. E às vezes choro mesmo.

Amo muito o mundo.

6 de fevereiro de 2009

5 de fevereiro de 2009

instruções para um satori

1 - leia "os vagabundos iluminados";
2 - saia para viajar de moto com barraca, leve "zen e a arte de manutenção de motocicletas";
3 - amarre bem suas coisas; relaxe bem os ombros e o corpo, de novo e de novo;
4 - diminua antes das curvas, acelere quando dentro delas;
5 - leve um mapa; prefira rotas alternativas, mas pergunte sempre;
6 - leve comida inteligente e boa, coma pouco mas muito bem;
7 - seja amigável; abra-se para a amigabilidade das pessoas; respeite-as quando não o forem;
8 - abra-se para a paisagem, mas sinta a estrada; sinta a moto;
9 - medite, reze e/ou fique em silêncio pelo menos 2 vezes ao dia;
10 - cuide-se bem;
11 - aprecie, aprecie, aprecie!

3 de fevereiro de 2009

curvas de nível e final de livros

ontem a noite chorei algumas vezes lendo "Os Vagabundos Iluminados" que em algum momento de suas páginas me tomou por completo como achei que fosse mas já tinha me esquecido até acontecer.

uma hora bate essa tristeza, essa tristeza amiga, já conhecida, essa tristeza melancólica parecida com a de final de tarde de Domingo - só que tristeza de viagem, de andança, de distância. tristeza de vida. de poder realmente abraçar o mundo, mas haja braço e haja tempo, portanto tristeza de quem se sabe abraçando o mundo aos poucos.

vou cantar e rezar e meditar e dançar e agradecer pelo mundo todo.

"é, as pessoas boas ficam no Céu, elas já estavam no Céu desde o começo", disse o caminhoneiro sábio à Ray.