31 de agosto de 2007

Acelerada

Minha vida acelerada está cheia de vazios que não sinto; cheia de poucas coisas. Minha vida acelerada não tem tempo nem nada.

Preciso diminuir a velocidade me enchendo de coisas. Preciso ir além das coisas e viver as forças.

Os suspiros são como freios-de-mão.

22 de agosto de 2007

O Psicótico e O Iniciado

Há alguém que não era, mas em algum momento culminante de um processo vai até lá e, quando lá chega, não só pára e se horroriza, mas ainda dá um passo ou algo assim (talvez um pulo) e é aí que algo faz um crack! e já era: não se é mais o que era, e nem só dali adiante, mas desde sempre; louco, diferente.

Que será o crack!? Alcançar o diferente eterno de si mesmo - não o diferente de agora, mas o "sempre diferente" - de maneira por demais avassaladora? Enrijecer seu organismo psíquico tanto que ele quebra? Essas duas coisas? Outras tantas?

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Preciso de um ou alguns cracks!. Será que tenho medo de um crack! tão definitivo? Há opção de outro tipo? Crack! é claramente sentido como absurdo (de estranho e de gigantesco) sempre. Porque é crack!, ora. Mas quero o crack! daquilo que é enrijecido, porque preciso do flexível. Quero o crack! do eterno diferente, porque o o imperativo de qualquer forma (do Mesmo ou do Inconstante) não pode me servir. Um crack! no sentido de não mais, após ele, haverem cracks!, mas sim outras coisas mais redondas, como tchuuuuns!... e uiiiiiiiis!....

21 de agosto de 2007

Ator de mim mesmo

sou pura enganação! tenho rosto, gesto, jeito. uma performance de Pedro. e quão pouco isso é, e quão medroso eu sou, de não abandonar meu papel e ir além...

se a vida não perde o palco, afinal, quero são as cenas improvisadas! afeto em salto e é essa a integridade, da consciência, percebo, e não de uma Razão deslavada...

faz quanto tempo mesmo que estou ali, respirando na beira do Abismo?

16 de agosto de 2007

Desfigurado

crescebarba, aparabarba, cortabarba.

tenho um rosto tão pequeno! quase não tenho queixo, mas meus dentes são grandes. e o nariz, estranho, fica tão pra baixo. é meio fino e pontudo. será que emagreci? quem é esse? e não sei mais como é o sorriso, parece fino, mas se alonga. ah! que coisa, que pessoa, que rosto!

fiquei 25 anos tentando ser cabeção, e agora descubro que em verdade tenho rosto pequeno. cabeça também? nossa! sou burro!

sou burro!

sou burro!

e desfigurado serei também? com todos esse pedaços que parecem fora-de-lugar, com todas essas proporções estranhas... serei feio?

mas que grande liberdade!

só falta ser então feio, e quem sabe desajeitado, e aí sim: serei feliz!

que liberdade, imaginem: ser feio! ser burro! ser desajeitado!

e sabem por quê?

por não ter de sre inteligente. por não ter de ser bonito ou elegante. ah...

descobri uma vozinha dentro de mim que diz "seu idiota, imbecil, arrogante." é uma voz cretina e sábia. e ela também diz, quando vê alguma possibilidade de salvação para mim mesmo: "vai de uma vez, idiota!"

hoje, então, descobri que sofro de hesitação. assim, simplesmente, não óbvio, não é mesmo? sofro de hesitação. todo mundo já sabia, mas eu hesitava em concluí-lo. então, aqui está. hesitação. e, querem saber? não sei mais como fazer diferente! ufa.

sei exatamente o que fazer, no entanto não o faço. por quê? algo em mim me convence de que não sei. que arrogância, não é mesmo, saber? o neurótico divida por excelência. e eu aproveio e hesito. ora, diabos! duvide, se quiser, mas você pode fazer algo duvidando!

vai, vozinha. me humilhe. mas quem sabe não me ajuda a me mover? é que estou eu aqui, tanta energia sendo gasta em ser bonito, em ser inteligente, elegante. ufa... é como só fazer alguma coisa esperando a resposta, esperando que gere algo. mas que grande bobagem! olha o que tu faz com "ser", sendo só pela outra coisa, e não por isso mesmo? seu idiota!

vai, vozinha. pelo menos descobri que sou feio. ahá! sou feio! sou feio!

13 de agosto de 2007

por véuzes

há um véu em volta de minha cabeça. em volta de meu corpo, porém mais fino então.

será que consigo rompê-lo olhando por inteiro desde mim mesmo?

será que consigo rasgá-lo ao sentir mais e mais?

mas como desanuviar visão, desprender sentimento? falta meditação, caminhada, corpo exaurido de defesas, a saborear desde o suor sua vida. quem foi que me disse? "é bom quando às vezes nos cortamos sem querer; faz a gente sentir, lembra que estamos vivos". sábia. saiba disso.

falta buscar de verdade. vamos, Pedro! acorde seu Lunaris!

haja chakra do coração, jaya Terceiro Olho! vamos, vamos!

2 de agosto de 2007

fugit urbens

a ansiedade da cidade é ter nossas energias dispersas em velocidades e truncamentos; em ter nossas energias dispersas em não conclusões, retornos que não passam pela gente. não há um retorno senão o neurótico: aquilo que sai da gente, retorno imediato de nossas produções minúsculas, pele de contato, relação. sofremos de relacionamento, perdidos em redes mal utilizadas. velocidade e truncamentos. o mundo passa a ser grande e descontrolado, e nele vagamos como folhas no vento.

fora da cidade, os pés no chão e as mãos na terra é tudo o que precisamos para ver o que criamos. mais pele e contato. o gosto de terra tem milhões de doçuras; é um contra-senso todos os corantes que se colocam nos produtos embalados, afinal de contas.