21 de setembro de 2004

feito Vinícius

Mulheres. Cada curva, um mistério e um convite inevitável para essa pele sensível. Tão impressionantes, apaixonantes, deliciosas...

As mulheres são a doce promessa dessa vida. A esperança de cada suspiro. O motivo pelo qual eu salivo, o porquê que eu vivo, meu sonho constante, único em cada pessoa-corpo que me encanta.

Malditas adoráveis: fazem de mim puro desejo. Se entendessemos os toques como tão comprometedores quanto os olhares, eu seria mais feliz, realizado: viveria dentro das calças e das blusas, debaixo das saias e nos gemidos...

Sim, eu queria viver em um mundo onde fosse permitido apaixonar-se sem deixar de ser um apaixonado. E, enquanto a cultura não comporta, fico feliz na transgressão.

14 de setembro de 2004

das crianças

As crianças são emolduradas. Padrões de expressão, jeitos de ser que as tornam menos indivíduos, por isso mais toleráveis pelo resto de nós. Suas maneiras de estar no mundo são podadas até que fiquem aceitáveis, e sua educação se faz, então, sempre pelo embate, combate, conflito de um interesse com uma forma de ser. Estimulamos a relação por papéis desde cedo, fugindo daquilo que é mais cada um. Não deveríamos ficar contentes com bons comportamentos, mas sim com expressões genuínas. Mas fomos ensinados a sermos adultos e não termos paciência com indivíduos. Deveríamos ficar contentes e satisfeitos com aquilo que nos faz felizes, e ao maior número de pessoas possível. Deveríamos estar implicados com essas crianças, e não com o correto, e não com nossos papéis. Nossas funções deveriam se adaptar aos nossos corações e nossas barrigas; só ganhamos teias de aranha, tédio, apodrecimento e rancor com o que está estipulado, instituído, paralizado. As crianças são nossas maiores vítimas.

11 de setembro de 2004

Caro I.:

Te escrevo isso de caneta e papel, frente ao fogo, escutando Björk, pós-pôr-do-Sol + abertores de portas (chaves; máquinas redutoras da eficiência cerebral). Um momento analógico para ser estetizado eletrônico. Rizoma, corpo sem órgãos (CsO).

É que pensei nisso: por que não investir em um corpo eletrônico? Por que não jogar na possibilidade da lenda ("torne-se uma lenda"), devir-lenda? Na estética da comunicação e do compartilhamento?

(Poderia um romance ser uma forma aceitável de Terrorismo Poético?)

Que tal? Criar aqui um dispositivo de engrandecimento dos indivíduos?

Não que eu esteja falando de um anarquismo individual (aliás, é justamente isso que eu estou falando, se você esquecer a denominação estética categorizante que congela cada coisa numa coisa só). Os grupos, os coletivos, são igualmente importantes. Penso apenas que, se tratarmos dos indivíduos - e essa é uma mídia individual, o que alguns confundem com profundamente pessoal, o que absolutamente não é. A web é um espaço frio, quase aterritorializável (o que faz dela um lugar perigoso, pois há sempre uma tentativa de territorialização, e por essas bandas elas acabam sendo violentas) - enfim, se tratarmos dos indivíduos e da comunicação / capacidades de compartilhamento / estética (por sobre os quais anda o potencial de encontro), chegaremos inevitavelmente nos grupos, coletivos, grupalizações.

É que não adianta combater a zumbificação do Espetáculo com algo que se aproxime a um Para-Espetáculo: é repetição de técnica! E isso não nos serve... A liberdade só se encontra nos acontecimentos, nossas pequenas e grandes Iluminações, os momentos de total entrega e criação completa - quando nos tornamos mais do que nós mesmos. Esse espaço aqui pode ser uma técnica, uma ferramenta calcada no toque do compartilhamento, naqueles momentinhos em que algo se move dentro de nós - CLIC! -, um expansor da mente, outro estado de consciência... uma das muitas coisas que ajudam no processo de criação do transcedental, que acontece o tempo todo.

E então... que tal?