18 de maio de 2005

Bate o Ponto

bocejo
o encejo de eu mesmo
sossega
finda dia em
infinita virtude
do cansaço
o exausto não peca
não rouba
não sofre

13 de maio de 2005

5 de maio de 2005

A Perua e a Revolução

esses dias eu escutei uma história sobre o pessoal de uma rádio livre lá no Uruguai. fazia parte dos comunicadores uma perua bem estilo dondoca, vestindo roupas de grife e devidamente emperiquitada, que falava sobre os cuidados das mulheres e vendia uns produtos de beleza que ela mesma fazia. as pessoas costumavam ficar de cara torta pra ela, mas era uma mulher participando, falando "coisas de mulheres", e isso estava sendo raro e precisava ser respeitado. então respeitavam assim, de cara torta.

até que a FAU organizou uma passeata - como me dizem que é bastante comum por lá, passeatas. como parte dela, haveria um atentado a algum político, secretário, ministro, embaixador. estavam eles bem armados com tortas, a clássica. e a polícia, muito bem montada, fechou completamente a passagem dos militantes pela rua, parando a passeata a uma distância segura do alvo.

a perua estava lá, muito bem vestida, seda, colares e pérolas. bijuterias ou não. e a polícia não fez resistência nenhuma. "acharam que devia ser mulher de alguém", me disse o fulano. e a perua foi lá e acertou a torta em cheio.

por la memoria

essa é uma passeata em Montevideo. aconteceu em Julho / Agosto de 2004 - não sei precisar o dia. essa manifestação em particular acontece todos os anos. é o dia em que ocorreu a primeira morte de um estudante durante a ditadura uruguaia. e todo ano eles vão lá e caminham pela principal avenida da cidade, protestando contra os problemas atuais e lembrando do que já foi. lembrando... é uma palavra que me parece mais rara aqui no Brasil. "os uruguaios", ouvi, "não querem esquecer". lembrar para fazer diferente. a lembrança como uma forma de resistência, e de transformação. é uma lição importante...