25 de junho de 2011

Cheio de vazios e vibrações

Bate hora e a Lua grita - no céu dos corações noturnos, ao menos. Se a chuva não nos permitiria vê-la, igual a batida que cada gota dá soa uma sinfonia - cada toque minúsculo como um embalo, a mistura vira plena inquietância. Quem mais senão a Lua? Fazer a chuva em dia frio inquietar corações?

É um fluxo difícil de entender. Pulsar que vai para frente e respirar que vai para trás. Fico grato por não ter cabeça de correr atrás duma história definida - ou série de rótulos quaisquer.

Devo estar sofrendo de vazios.

Algo, porém, difere. Interessantemente, difere. Pulsa a mesma batida inquieta, quando os retumbares puxam pra mais de um lado a um só tempo.

São vazio dos quais eu não imediatamente corro.

Antes, eles vem do campo para o qual justamente sai, disposto a explorações. Canto do mapa, parte em núvens e pequenos desenhos, que o mapa insinuava como perigoso e pequenino.

Nada. A sede de uma região não mapeada parece apontar dimensões imensas. Muito maiores do que as conhecidas, desde que se atente para a única forma de navegá-las: não mapeá-las, não defini-las, mas entender que todas suas referências são meras brincadeiras do acaso.

Então, aí estão esses vazios... Vazios que trazem gostos, familiarmente desconhecidos. Vazios que trazem espaços... Vazios que trazem ânsia e também alívio.

Tatear o intocável. Rondar o mundo sem dar nomes. Cheirar e pelo cheiro seguir.

Trazer às organizações feitas da vida a racionalidade do olfato.

Navegar como um cachorro ao vento, um gato ao muro... e latir bravo, e escapar rápido a qualquer apelo que peça, amedrontado pelo frio do vazio e a inconstância das marés,

o calor calculado de um porto seguro.

23 de junho de 2011

De Sistemáticas & Da Vida

Nós temos que nos lembrar da vida humana em meio aos nossos sistemas mercantis. Criamos estratégias para isso, mas essas se perdem como incômodos do sistema, ou como passos para nos assegurar que não entremos em outro sistema - como o jurídico, ou o criminal (se é que alguma vez saímos de um sistema, não é... como não estar dentro do sistema jurídico, mesmo do que ele considera legal, ou então do que lhe escapa? Como não estar no sistema criminal, mesmo por aquilo que é definido como "não crime"? Uma sociedade formada por categorizações que conduzem a sistemas que conduzem a vida por caminhos pavimentados, por calhas endurecidas, funciona assim, e então vivemos tentando nos encaixar naquilo que nos é mais confortável ou, como é minha busca, escapar a esses encaixes).

Então as estratégias ficam apreendidas nessas sistemáticas, nessas precauções, e perdem-se enquanto sinalizações daquilo que poderia ser mais óbvio: que agentes & sujeitos dessas ações são seres humanos, e mesmo antes e depois disso são vidas, e que o que se faz sempre é relação humana - ou, antes e depois disso, é ponte para a vida ser expressa. Como, junto ou fugindo dos sistemas, se vive o vivo?