14 de agosto de 2006

Familiaridades

ando pela cidade e vejos rostos conhecidos. boa parte deles são pessoas que conheci no Rio. boa parte deles são rostos que a memória ou a vontade ou a fixação por uma familiaridade desenham por sobre os rostos desavisados de transeuntes incautos, cuja imagem perde tanta propriedade assim que a luz que deles vem incide sobre minha retina e toda a rede neural que dela se conecta e toda complexidade pessoal dos meus funcionamentos relaxados.

ando pela cidade e falo e escuto e sinto e penso e tudo o mais de indescrito. me assusto comigo vez que outra. expressão de fluxos que em mim tomam caminho. processo do inédito ao conhecido e demarcado, ou o contrário, eu espero e pago pra ver. quero um novo e mais, exijo, que o mesmo sorriso não comporta outros sorrires, quando o jeito de olhar está deslocado ou se faz em um deslocamento deliciosamente contínuo. about me: sou outro.

fotografo os cantos, os pontos, as curvas, os pedaços. tudo é ainda um turbilhão de tantas coisas, um sentar poeira que pede que não sejam antas coisas. fotografo num esforço bem pago, mas sei bem que um outro jeito seria também bem-vindo, agora impossível: flutuar por aí e deixar que as imagens, que os cantos, os pontos, as curvas, os pedaços, passem por mim e pela câmara, que fiquem na película ou no arquivo, e na minha pele de uma superfície de contato sempre a modificar-se, por favor.

tento. e já é bom. vai ficar melhor, corporificado. a permeabilidade da massa das minhas moléculoas, substancialidade presente, eu feito vento por mim a passar. e a cidade, um abraço.

folgo em sentir.

Um comentário:

carol de marchi disse...

Aquele abraco.