19 de julho de 2006

Dharma

1 - Medite todo dia.

2 - Comece a observar seus automatismos. Faça disso uma tarefa jovial. A jovialidade é uma técnica importante para se proteger contra as defesas dos automatismos, contra a insegurança, angústia e ansiedade.

3 - Comece com calma a limpar seus automatismos.

4 - Comece a se afastar energéticamente dos seus automatismos. Não se permita entregar toda sua energia a eles. Perceba, e perceba que percebe - uma atenção expandida em "duas percepções". Quando a angústia for muito grande, medite.

5 - Comece a perceber seu teatro mental, o teatro das representações alimentado pelo diálogo interno. Desassocie Razão de Consciência; utilize a Razão como ferramenta, mas não se entregue a ela ou incorra no erro de funcionar como se fosse ela a definir o mundo, pois a Razão muito prende, e é um artefato do teatro mental, é potencializadora do diálogo interno. Expanda sua Consciência (nada mais do que aquilo de que você é consciente) para além da Razão - comece a lidar conscientemente com sensações e indescrições. Pode, se quiser, definir maneiras de explicar certas coisas que ajudem a acalmar sua Razão para essa tarefa pra além dela: acreditar em Destino, ou no Acaso, por exemplo.

6 - Limpe seu teatro mental. Descole o teatro mental da vida, perceba que vida não é igual ao teatro das representações feito por você. Perceba que o mundo é apreendido por você pelo seu diálogo interno, mas que há muito o que escapa a isso. Perceba o vivo nisso, que tem o poder de constranger seus automatismos, que faz com que você se defenda; mas que é possível abrir-se ao vivo e libertar-se um pouco mais de si mesmo. Um passo de cada vez, devagar; klinamen: o mínimo desvio.

7 - Em todo o Caminho, dê uma medida desapegada ao erro. Não tome o Caminho moralmente. Não se leve tão a sério. Não ceda toda sua energia em uma entrega, nem se entregue a nenhum controle. Não ceda toda sua energia ao erro, ria dele e se conserve. Procure a impecabilidade da sua energia, a precisão simples de cada ato, percepção, representação, deslocamento. Não se encha se pessoalidades, não tome as coisas para si - muito menos tomando para si enquanto aponta para os outros. Toda aprendizagem é extritamente íntima, pouco podemos fazer uns pelos outros a não ser apontar e deixar que o outro faça por si mesmo.

8 - Medite. É a única maneira que conheço de deixar que as coisas se encaixem dentro de si, que se vibre para além dos automatismos, acalmando a angústia de um Eu que podemos deixar passar, por não mais nos localizarmos inteiros dentro desse Eu - podemos tanto ser Muitos, usando de vários Eus, quanto ser com segurança um Eu só sem entregar-se totalmente a ele - um automatismo, um funcionamento, interpreta o mundo inteiro só por meio do próprio automarismo, e aí o mundo torna-se isso e perdemos tudo o mais que nos afeta.

Um comentário:

ieve disse...

muito bom! tu me ajuda a crescer e ficar bem.