4 de abril de 2007

Dum poeta das coisas

O poema é antes de tudo um inutensílio.

Hora de iniciar algum
convém se vestir roupa de trapo.

Há quem se jogue debaixo de carro
nos primeiros instantes.

Faz bem uma janela aberta
uma veia aberta.

Pra mim é uma coisa que serve de nada o poema
enquanto vida houver.

Ninguém é pai de um poema sem morrer.

---Manoel de Barros, "Arranjos para Assobio"

Um comentário:

alice disse...

Dia desses roubei teu verbo "emsimesmar". já virou outra coisa ainda, lá onde cintila.

Hoje vejo um poema que roubei faz tempo do barro. boa coisa essa de coisas de se roubar.