3 de dezembro de 2005

A Teia do Espetáculo

a desgraçada nos pega. é isso aí, o poder da polêmica também tem disso... como eu tava caindo na teia, resolvi, depois que um amigo me apontou o caso, colocar isso aqui...

o espetáculo tem essa lógica perversa de esvaziar as questões e ficar só no rebuliço, no tititi, no "nooossa!...". é uma bela proteção pro sistema, porque não faz nada girar; uma tática repressora filah da puta porque bebe justamente nas nossas peles arrepiadas...

muito bem, vale apontar simplesmente que, no caso dos estudantes expulsos da UNESP e das subsequentes manifestões que se liguem ao caso, é bom não esquecer pelo que eles estavam protestando, senão corremos o risco de estarmos justamente tapando a denúncia, promovendo birra ao invés de mudança, e até justificando toda repressão quando se esquece do problema...

5 comentários:

Anônimo disse...

mas meu amigo, a expulsão sumária é uma maneira de abafar as reais origens do protesto.

o buraco é mais embaixo

Ah! Te devo um link, principalmente por ter me passado esse meme. e como esse caso está longe de estar esgotado, em breve colocaremos nossos blogs no debate

Pedro Lunaris disse...

sim, de acordo. expulsa-se como punição. o risco da expulsão é a polêmica. não é a toa que notícias que venderiam jornai não vão parar na grande mídia, o sistema ainda teme a polêmica. mas a polêmica por si só também é abafadora, e aí que está a Lei do Espetáculo... oba-oba não serve. o risco tático da polêmica para as políticas de vida (nossas ações subversivas) é o mesmo da catarse, explodir e esvaziar, e perder a crítica, e perder o foco, e perder a continuidade - diferente de perder a potência do levante, também, não me refiro a instaurarmos qualquer coisa, virar a mesa e sentar nos pés, não mesmo, mas sim não perdermos a processualidade, as potências (como contrapartida dos poderes), a presença (como contrapartida do presente), o devir, o contágio, os afetos, as ligações de amizade.

impressionante como uma coisa leva a outra, eu acho simplesmente lindo o concretismo da teoria, o abstracionismo da prática, a ação - não há dicotomia, a fronteira entre esses campos é aberta, pensar essas coisas como separadas, como duas coisas, de fato, é o mesmo que dividir corpo e mente - um abuso cartesiano, uma repressão avassaladoramente sutil a nossas potencialidades. o Hakim Bey não é brincadeira, localizar seu pensamento na idéia de Anarquismo Ontológico é simples e extraordinário...

Anônimo disse...

Tens razão, estamos num terrítório perigoso, de fronteiras tênues.

Mas olha, ainda acho que devemos fazer um certo barulho quanto a questão da expulsão em Franca. Até porque esse debate que vc citou não está ocorrendo. São poucos os que estão se deicando a essa questão. Por isso acho essa sua preocupação um pouco precipitada. Mas longe de isso ser um erro, nada disso, estamos apenas nos adiantando contra possíveis eventos futuros.

Admiro seu bom senso e cautela e deixo um aviso: vou plagiar esse teu texto "prisioneiros políticos"

Pedro Lunaris disse...

é, acho que tu tem razão, minha sina é pensar de mais. mas é bom colocar as coisas o quanto antes, se a gente parar de se mexer por causa disso somos mesmo uns bundões!

concordo que as pessoas não tem tomado isso pra si, não tem discutido a respeito, cara, isso me preocupa enormemente! parecemos um bando de resmungões de barriga cheia, paralisados na rabugentisse: quando aparece uma ação, assim mesmo, energia em movimento, fica-se na boca torta, ou qualquer outra desculpa que na verdade é estratégia de afastamento. subversivo recalcado é foda!

Dom Ari, o plágio é uma honra!

sigamos, talvez, aliás, possivelmente o mundo precisa de uns pontapés...

Anônimo disse...

Por que nao:)