17 de novembro de 2008

livro de pré-coisas


ando saindo dos lugares com partes das pessoas. as pessoas tem durado em mim, ido pra casa comigo, ficando em meu corpo e espírito, reverberando. ando sensível às pessoas, aberto pra elas. um tanto entregue, um tanto esperas que espero deixar pra lá, mas um tanto ainda mais feliz do que encontro seja lá o que for: diversão genuina, não importa a forma.

ando sensível às pessoas, mesmo quando duro em mim. e noto para além, em um logo-após... que as pessoas que duram, com seus presentes, sentimentos, cores, cheiros... com seus jeitos, mas mais, com o que está por trás deles, retumbares, tambores íntimos, espíritos como sons de flautas.

as pessoas unem-se à multidão que me habita. a multidão que habito, na qual vago, através da qual sou. que batalha por ser eu. as pessoas unem-se como forças maiores, personagens externos que entram na dança de minha multidão, cheia de argumentações, opiniões contrárias, e às vezes concordâncias em formas de insight. alívios...

mas as pessoas são mais do que esses personagens. são vida, que me bate na pele e dança comigo em meu corpo. quando a multidão não tem mais máscaras, ou opiniões, e sobra só o movimento, é que acesso a parte mais clara, profunda apenas porque de certa forma obscura, a parte mais mundo e mais tudo do que tudo. esse abismo sem nome, quase sentimento, da onde tudo o mais vem, até a falta.

eu chamo de amor. porque não tem como chamá-lo sem com algo que apenas sugira, apenas contorne. nunca se abraçará o abismo completamente. e essa sempre foi a sabedoria dos xamãs... e dos poetas.

2 comentários:

Natalia Jung disse...

...costumo dizer que nunca estou morrendo de saudade e sim, vivendo de saudade, que é este algo do outro vivo em nós, que dura, reverbera e tudo mais bem dito por ti.

Fer Poletto disse...

O amor parece uma multidão sorridente dentro do corpo.