7 de abril de 2008

Crash Test Dummy

Ganhei uma marca, quase morri. O avassalador da experiência me diferenciou. Não de outros, antes de mim mesmo. O avassalador da experiência me sacudiu. Desde as pontas de meus dedos, o pó que meus ossos vão ser um dia desentupiram meus poros. O avassalador da experiência me deslocou. De susto, de súbito; de tão grande, de tão sem nome; de ter me levado tão longe, e de jeito tão diferente do mesmo. O deslocamento pela via, o arrasto do carro para outra avenida, a parada amassada em frente a Igreja... nada foi por acaso. Mesmo se casual, é com isso que dou de mãos e caso. Assim como o aríete da família, feito de dedo acusador, resposta estabelecida, soco... Assim como eu mesmo, com todo jeito feito impossível, resgatando muito mais prontamente naquele momento qualquer percepção associada com lisergia, e que ali era só trauma de ocasião, que ali era só tentativa de prontidão, que ali era só realidade estendida, realidade perdida, e cada ilha de realidade conquistada e naufragada de um caos-mar... E como lidar; e como bordear tamanho avassaladoramento...

Bati meu carro, arrisquei meu corpo e outros. Não o perdi nem ninguém. Tampouco minha alma saiu para dar voltas... Mas minha alma cresceu. Dentro de meu corpo e além, para dentro e para fora... eram aqueles delírios, aquelas falhas de lógica (como folhas de um jornal que vôou ao vento), aquele desprocessamento... eram eles indícios de minha alma que suspirava? Que quem sabe quase se soltava?

Perdi meu carro, tremi meu corpo, expandi minha alma. E minha mente... não sei... Ganhei. e talvez, para mais de mim, e menos... tenha sido minha alma... que tenha me ganho.

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