15 de janeiro de 2007

da última vez que morri

já entreguei meu corpo por uma mulher. joguei minha carne no mundo, ofereci das minhas veias o sangue.

levei minha alma no conjunto, quase embrulhada. acho que pairou em volta, avoada de alma - e eu tentando fazê-la passar por debaixo de uma porta, dentro de um envelope, ou num olhar mais forte que definisse "é agora, viu?".

entre meu músculos vacilantes, morrendo de medo de não serem bem-vindos, e minha alma avoada, que na verdade não soube ser dada, deixei de lado toda minha cara mundana. dei meu dia-a-dia, não sei se a ela, ou se para o mar.

quando a gente ama com o olhar e com o abraço, fica surpreso quando mesmo com isso os corações não se encontram. temo que o amor ficou preso no arranjo. e quando a coisa aperta, não é pros olhos que se olha, não é pro que não agarramos, mas é pro duro de concreto, e o tamanho da força organizada de trabalho, de nome, de brados, de pernadas pela sociedade.

sou bobo de vida. mais do que deveria. ao me dar me matei e mal percebi. meus ossos ruíram em pó, minha alma se desfez no ar, se desligou do meu respirar, da minha ação. meu corpo que dizem, o Pedro de quem se fala, se perdeu e não tinha o que dizer de si mesmo.

hoje vago bem. os restos de mim se reconstituíram numa forma que ainda se forma, molécula por molécula de experiência, desinformação e caos. a gente se recupera num outro, o mundo tem sempre o potencial para descortinar-se.

mas daquele eu... nunca vou me recuperar. meu coração ainda tranca hesitante - sofreu um derrame de suas próprias batidas. hoje nasço e fico feliz do abraço do mundo quando vem ou quando vou. mas é isso... um desabafo que ainda não sai completo, um estandarte que ainda cai sobre minha cabeça. ainda sou um fragmento, ainda me procuro nos meus jeitos.

ainda vou sair pelo mundo. o melhor de se perder não é a possibilidade de se achar. é deixar. só ser.

da última vez que morri, foi minha morte mais avassaladora. de repente percebo que ainda me ronda, me assombra. subcutaneamente. e minha pele transpira um frio imaterial.

é engraçado. como não sei de nada, só sigo.

(queria chegar em um ponto algum aqui. queria jogar pra fora, quem sabe chorar palavras. mas não é claro... não vem claro. por enquanto, só me dá voltas... é a recém que percebo o quanto ainda está presente. e eu querendo bradar milhões de vozes e explodir por fim! e eu querendo vocês na companhia disso, um portal de tela mais uma vez, só mais uma vez. blah... vai dormir comigo. ainda. mais. um pouco.

beijo.)

2 comentários:

Anônimo disse...

(...)

só entra! hehehhehe

Anônimo disse...

não sei se o texto foi completo, mas o sentimento veio assim; confuso, negro, mole, ressentido. esperançoso, jovem, maduro. por inteiro foi sentido.

(beijo.