27 de novembro de 2006

roubado de mim mesmo em alguém mais

inspiração do blog da Marília:


1

no revés das coisas
e no que escapa
as moléculas são, afinal
grandes preenchimentos de vazio

é só o espaço livre
que causa ecos
e a gente canta em duetos
com nós mesmos

um bando de solitários
juntos
se encontrando
e dissolvendo os espaços brandos
ou cheios de nada
em vida

o vácuo
passa a ser quente
quando bem tão bem
acompanhado


2

(Zen-lunático)

não há sombra melhor do que a de uma árvore, assim como não há espaço melhor para se ocupar com o próprio corpo do que o vazio deixado por alguma outra pessoa.

3 comentários:

Marília disse...

Entre eu e o outro, me perco. Estou ali na esquina, no olhar perdido de um alguém que desconheço. Nos encontramos nos pedaços de vida que se cruzam, nos traços que se invadem, nas bordas do cotidiano - somos direito e avesso, poesia e carne, fato e história.

Maravilhoso roubar-nos (ou seria capturar-nos?) por aí, vida afora.

E melhor ainda encontrar uma linda mensagem num final de tarde nestes bons ares...

Beso!

G disse...

Não sei a razão mas tudo aqui me comove e me faz voltar.

Saudades daquele que cresce para ser jovem e, se viveu ou vive, não vi, mas sinto.

Anônimo disse...

Lindo o vazio que voces cantam! Nada como um bom café na meia tarde...