22 de novembro de 2006

Maldade de uma pira triste

voava como floco de leve, rolava como algodão de painera, sementes confortáveis, muito felizes. dava a mão para atravessar o rio como amigo em caminhada de verão, suspirava junto no ar de cima da montanha, apontava árvores, micos, e ria.

foi suave, quente de carinho, gostoso, e inspirava de segurança e docilidade. planou tranqüilo até cair no fogo: não queimou - e não era de estar encharcado - tantas vezes o algodão molhado parecia incandescente ao refrescar a pele - mas queimar, não queimava.

à semente restou perguntar por quê. ficou com medo de não querer parar de flutuar, mas ficou com medo de não descer pra conquistar o ar causando o próprio vento - do chão, crescimento, da pira, explosão. tremeu de tristeza e não soube. viver no fofo não deixou mergulhar por debaixo da terra.

saltou do algodão - barco de núvens - com lágrimas de semente.

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