Bate hora e a Lua grita - no céu dos corações noturnos, ao menos. Se a chuva não nos permitiria vê-la, igual a batida que cada gota dá soa uma sinfonia - cada toque minúsculo como um embalo, a mistura vira plena inquietância. Quem mais senão a Lua? Fazer a chuva em dia frio inquietar corações?
É um fluxo difícil de entender. Pulsar que vai para frente e respirar que vai para trás. Fico grato por não ter cabeça de correr atrás duma história definida - ou série de rótulos quaisquer.
Devo estar sofrendo de vazios.
Algo, porém, difere. Interessantemente, difere. Pulsa a mesma batida inquieta, quando os retumbares puxam pra mais de um lado a um só tempo.
São vazio dos quais eu não imediatamente corro.
Antes, eles vem do campo para o qual justamente sai, disposto a explorações. Canto do mapa, parte em núvens e pequenos desenhos, que o mapa insinuava como perigoso e pequenino.
Nada. A sede de uma região não mapeada parece apontar dimensões imensas. Muito maiores do que as conhecidas, desde que se atente para a única forma de navegá-las: não mapeá-las, não defini-las, mas entender que todas suas referências são meras brincadeiras do acaso.
Então, aí estão esses vazios... Vazios que trazem gostos, familiarmente desconhecidos. Vazios que trazem espaços... Vazios que trazem ânsia e também alívio.
Tatear o intocável. Rondar o mundo sem dar nomes. Cheirar e pelo cheiro seguir.
Trazer às organizações feitas da vida a racionalidade do olfato.
Navegar como um cachorro ao vento, um gato ao muro... e latir bravo, e escapar rápido a qualquer apelo que peça, amedrontado pelo frio do vazio e a inconstância das marés,
o calor calculado de um porto seguro.
2 comentários:
viver das completudes aleatórias do viver
Querendo muito tatear o vazio.
preciso.
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