7 de abril de 2011

"Uma imagem narrativa"

Escrever como quem tira fotos. Numa tentativa vã de capturar tudo de uma cena, que pela repetição da espectativa de captura frustrada, torna-se esperança. Que recua da documentação da verdade para a composição do olhar, e depois recua um tanto mais. E, dessa subtração esperançosa, pode paradoxalmente trazer tanto mais de vida, não capturada, mas liberta e sempre pulsante.

Assim, bater fotos como quem escreve. E igualmente entender que a descrição extensiva mais facilmente torna-se enfadonha do que capaz de transparecer a vida que se tenta alcançar quando da vontade de escrever. E que, mesmo pela via descritiva, conseguimos chegar é a contornos: e tanto melhor nos entregarmos a eles.

O mais cedo que paremos de escrever e comecemos a desenhar com palavras; o mais cedo que paremos de tentar capturar imagens, mas poetar com elas; tanto melhor para que o espírito dance.

O título desse post foi retirado da fala de 
a respeito do fotógrafo
Luis Carlos Felizardo, o Feliz,
durante a exposição-encontro 
5º FestFotoPoa -
agorinha há pouco.

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