9 de abril de 2011

Como planejo uma viagem?

Toda viagem que faço é um mundo que crio.

Gasto tanto tempo planejando quanto esquecendo o planejamento ativamente. Guardo o dinheiro da volta, meu único apego irresolvível - além da câmera fotográfica e, se for a ocasião, da bicicleta.

Lembro constantemente de que todos os sonhos hão de ser vividos não como sonho, mas como realidade, e que minha disposição corrente os remoldará a cada momento. Mas sonho de qualquer jeito. Me divirto inventando engenhosidades sobre o que levar, me desafio quanto a pesos e quantidades - mirando o pouco e efetivamento o muito. Gosto de estar em situações ditas precárias de maneira intimamente confortável.

Todo planejamento de viagem me questiona por que não viajo mais; e então me questiona por que não viajo sempre. Toda volta torna mais nítido que nenhuma viagem acaba e que a volta faz parte dela (até que a ilusão de cotidiano tome conta). Mas todo planejamento inspira o final de qualquer planejamento - que não o sonho - e uma vida na estrada, feita estarda, seria o cume desse monte.

Toda viagem se torna minha companheira.

Não tenho vontade de contar sobre as viagens que faço, além de uma ou outra imagem.

Texto inspirado em um exercício
de aula de Metodologia.
A provocação, dita após,
era pensar na pesquisa
como uma viagem.
Fico pensando no que
diria a professora,
se o lesse.

Um comentário:

Anônimo disse...

me lembra pequena com moedas de 1 centavo na mochila para despistar o que invadissem quaisquer dos meus mundos, esses mundos sonho e plano que criamos, somem, mas existem.