2 de dezembro de 2008

organicidade estranha

minha cabeça flutua. meu coração anda por vazios. meus olhos desfocam e voltam. e ainda assim meus pés pisam o chão.

minha pele se encharca. se enruga. transpira e seca. banha-se. treme. toca e sente calor. ou sente o vento. ou se sufoca. mas respira.

minha pele não sabe, não tem como saber. pede abraços pros meus braços. anseia por uma sensação que não conhece, seja por inexperiência ou desmemória. a pele troca rápido e sensações antigas viram mito-de-pele. como as histórias de nossos avós.

meu coração bate. o vento entra direto em meu peito e preenche espaços, só para deixá-los novamente. meu coração vagueia por uma sensibilidade masculina. estou em uma terra sem palavras.

mas meus pés, ainda assim, pisam o chão.

3 comentários:

alice disse...

o enorme peso de insustentavelmente ser leve.

Anônimo disse...

sim! esses olhos, que desfocam e voltam, são os meus olhos!

ai ai.

imagino teu belo escrito!

cintilante disse...

o insustentável peso de ser enormemente leve.