5 de junho de 2009

Réquiem de Sexta-Feira

toda hora
embora
um fluido
vaza
enchendo
algum receptáculo
seja o balde
ou o mundo

esbarro no muro
do fim do dia
a euforia
se foi de mim

fico
nesse estado cheio
meio frágil

há uma doçura em tudo
há espaço no balde
quando o mundo traga o líquido
e no líquido
quando se agita de ar

há uma doçura também no fim do dia
nessa melancolia
na solidão
deixada
pela falta da busca
de companhia

há doçura também
no vai passar
mas durante
o passo
não há nada

ar, talvez
um balde cheio de vazios

espio
o umbigo
às vezes sinto ele o mundo
às vezes só

suspiro
o dia chega em noite
passa ela
noite
moça imaginada
eletrola de uma dança
hoje não dançada

passarela
passo eu
janela do umbigo
perdido
senão ferido
nessa carênciazinha
que se faz longe

cheio de vazios
ao longe
não tem fim em pequenezas

suspiro
há doçura em tudo
e um gosto enorme
em se aninhar nas próprias
cobertas

2 comentários:

cintilante disse...

suspiro
há doçura em ti.

Natalia Jung disse...

falando em euforia, já assistiu euphoria?