6 de novembro de 2007

Keffa

Keffa escutava com os olhos. Mais. Seu olhar, pura doçura, abraçava. Do meio da barba farta, um sorriso constante. Do meio das palavras (um portunhol com sotaque francês), ensinamentos traduzidos em interesse genuino.

Me contou dos anos que viveu em cada uma de três comunidades. Me contou do início sempre belo, do esforço, da vontade. Me contou das dificuldades, das pessoas se chocando, dos finais. Me disse que a única forma de dar certo era um laço ideológico comum. Para Keffa, as pessoas sofrem de individualismo.

Me disse que nosso nome era o mesmo. Keffa era um Doze Tribos. Seguia os ensinamentos de Yahshua, não Jesus. Ao ingressar na comunidade, troca-se o nome por sua versão em hebraico.

Fui recebê-lo, pela simples vontade de receber alguém, quando chegava com seus irmãos de ônibus ao ponto de entrada do ENCA. Mas logo ficou claro: na verdade, quem foi recebido fui eu.

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