Vem o silêncio
manso
pede passagem
como a aurora
e se instaura
como um abraço
dado
em meio
ao sono
24 de julho de 2009
23 de julho de 2009
Descalço no Parque
Gira manso
meu pobre pé
descalço
gira debaixo de mim
e me leva
eu
sem saber onde estou
Olho deslumbrado
a procura
da aurora
de algum
significado
Não há
só o bater do meu pé
ritmado
ondulando
o bater
do meu
coração
meu pobre pé
descalço
gira debaixo de mim
e me leva
eu
sem saber onde estou
Olho deslumbrado
a procura
da aurora
de algum
significado
Não há
só o bater do meu pé
ritmado
ondulando
o bater
do meu
coração
22 de julho de 2009
De uma companhia
Dói mais que a alcova
e menos que a morte
Essa pequena dor serena
insistente e inexplicável
essa dor de vida
que vem companheira
e o que fazer
se a companhia
cativa?
e menos que a morte
Essa pequena dor serena
insistente e inexplicável
essa dor de vida
que vem companheira
e o que fazer
se a companhia
cativa?
21 de julho de 2009
Acordei em ensejo
Acordei em devaneios
Acordei em desesperos
de muitas coisas
deixadas
de ontem
Acordei em acordes dissonantes
vários
tocados ao mesmo tempo
Acordei em sono
Acordei procurando
o sorriso
Acordei
e já dormia
Acordei em devaneios
Acordei em desesperos
de muitas coisas
deixadas
de ontem
Acordei em acordes dissonantes
vários
tocados ao mesmo tempo
Acordei em sono
Acordei procurando
o sorriso
Acordei
e já dormia
19 de julho de 2009
Pedaços
Não foi da desforra
que a mente
fez a glória
porque a mente
acorda bêbada
quando a gente
acorda
Não foi a lamúria
tampouco
nem da luxúria
ou sobriedade
a mente não conhece
sobriedade
até ser entorpecida
em corpo
até ser esticada
até a presença
sufocada
de lamentos
enxurrada
de suas despensas
a mente saiu
foi passear
fiquei deitado
e me perdi
nos milhões de corpos fragmentados
que me atrevo
a ter
a mente riu
boba
quando virou criança
e, sendo eu adulto
nem precisava responder pelo tanto
o corpo sabe
ser um só
como a mente
sabe ser corpo
só precisa
esquecer da mentira
que faz um agora sempre de ontem
só precisa
desfazer o véu
e lembrar
O pulo do gato
não faz
ressalvas
que a mente
fez a glória
porque a mente
acorda bêbada
quando a gente
acorda
Não foi a lamúria
tampouco
nem da luxúria
ou sobriedade
a mente não conhece
sobriedade
até ser entorpecida
em corpo
até ser esticada
até a presença
sufocada
de lamentos
enxurrada
de suas despensas
a mente saiu
foi passear
fiquei deitado
e me perdi
nos milhões de corpos fragmentados
que me atrevo
a ter
a mente riu
boba
quando virou criança
e, sendo eu adulto
nem precisava responder pelo tanto
o corpo sabe
ser um só
como a mente
sabe ser corpo
só precisa
esquecer da mentira
que faz um agora sempre de ontem
só precisa
desfazer o véu
e lembrar
O pulo do gato
não faz
ressalvas
18 de julho de 2009
Fim
perdi a hora
vambora
não tem limites
esse sofá
perdi a bomba
que foi
que fez
com que tu te mexesse
tanto?
perdi a perda
tava tudo igual
no samba
foi só no estômago
que senti
que as passadas
se arrastavam
vambora
não tem limites
esse sofá
perdi a bomba
que foi
que fez
com que tu te mexesse
tanto?
perdi a perda
tava tudo igual
no samba
foi só no estômago
que senti
que as passadas
se arrastavam
12 de julho de 2009
em dúvida
divido
angústia
com meu silo
meu umbigo
minha questão
e então
soluça
esse jeito
de intempério
gosto
de como
teclo
deslizando dedos
gosto de como penso
pensamentos carinhosos
até serem
mergulhados
na cólera
divido
angústia
com meu silo
meu umbigo
minha questão
e então
soluça
esse jeito
de intempério
gosto
de como
teclo
deslizando dedos
gosto de como penso
pensamentos carinhosos
até serem
mergulhados
na cólera
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