8 de agosto de 2012

Migramos!

Depois de um extenso período de inatividade, retorno ao fraguExperimentos com algumas mudanças radicais, e talvez também extremas. A mais marcante delas certamente é a troca de endereço. Sim, eu migrei, agora pra ficar (espero).

Mudar de casa, de cidade, de país é muito bom para nos ajudar a pensar e sentir de diferentes formas. Neste caso, a mudança foi largamente inspirada na vontade de ter, no fraguExperimentos, mais trocas fotográficas. Como um blog do Blogger, não encontro ferramentas suficientes para este uso de forma eficiente e confortável. É hora, então, de experimentar outras paragens.

Se não fosse por seus recursos (ou melhor, falta de recursos) na postagem de fotos, certamente o fraguE seguiria por aqui. Blogger nos acolheu desde o início desta empreitada pessoal (e tão íntima), sempre nos oferecendo possibilidades de otimização de design que ainda não encontro em nenhum outro lugar. Sigo sendo realmente muito grato a esta casa! E incentivo os interessados a montarem seus próprios espaços digitais que não deixem de tentar fazê-lo por aqui.

No mais, vocês agora podem nos encontrar (o fraguE e eu) por aqui: http://fraguexperimentos.wordpress.com

28 de setembro de 2011

Momento Epistêmico

Gotas ácidas em uma geleira
Ali, caem de baixo para cima
O vapor logo condensa
Pinga na base da minha doutrina
Como roendo os ossos
Uma barra de prisão se corroe
                                    e diminui
Com uma dor segurada entre
                                      os dentes
E o alívio de uma bela
             mijada
Algo se solta
   E aquela dor
                          imensa
e    aquele   alívio
    tanto anunciam a segurança
                         o medo
quanto o abismo
     infindável
                     inevitável
          da liberdade

25 de junho de 2011

Cheio de vazios e vibrações

Bate hora e a Lua grita - no céu dos corações noturnos, ao menos. Se a chuva não nos permitiria vê-la, igual a batida que cada gota dá soa uma sinfonia - cada toque minúsculo como um embalo, a mistura vira plena inquietância. Quem mais senão a Lua? Fazer a chuva em dia frio inquietar corações?

É um fluxo difícil de entender. Pulsar que vai para frente e respirar que vai para trás. Fico grato por não ter cabeça de correr atrás duma história definida - ou série de rótulos quaisquer.

Devo estar sofrendo de vazios.

Algo, porém, difere. Interessantemente, difere. Pulsa a mesma batida inquieta, quando os retumbares puxam pra mais de um lado a um só tempo.

São vazio dos quais eu não imediatamente corro.

Antes, eles vem do campo para o qual justamente sai, disposto a explorações. Canto do mapa, parte em núvens e pequenos desenhos, que o mapa insinuava como perigoso e pequenino.

Nada. A sede de uma região não mapeada parece apontar dimensões imensas. Muito maiores do que as conhecidas, desde que se atente para a única forma de navegá-las: não mapeá-las, não defini-las, mas entender que todas suas referências são meras brincadeiras do acaso.

Então, aí estão esses vazios... Vazios que trazem gostos, familiarmente desconhecidos. Vazios que trazem espaços... Vazios que trazem ânsia e também alívio.

Tatear o intocável. Rondar o mundo sem dar nomes. Cheirar e pelo cheiro seguir.

Trazer às organizações feitas da vida a racionalidade do olfato.

Navegar como um cachorro ao vento, um gato ao muro... e latir bravo, e escapar rápido a qualquer apelo que peça, amedrontado pelo frio do vazio e a inconstância das marés,

o calor calculado de um porto seguro.

23 de junho de 2011

De Sistemáticas & Da Vida

Nós temos que nos lembrar da vida humana em meio aos nossos sistemas mercantis. Criamos estratégias para isso, mas essas se perdem como incômodos do sistema, ou como passos para nos assegurar que não entremos em outro sistema - como o jurídico, ou o criminal (se é que alguma vez saímos de um sistema, não é... como não estar dentro do sistema jurídico, mesmo do que ele considera legal, ou então do que lhe escapa? Como não estar no sistema criminal, mesmo por aquilo que é definido como "não crime"? Uma sociedade formada por categorizações que conduzem a sistemas que conduzem a vida por caminhos pavimentados, por calhas endurecidas, funciona assim, e então vivemos tentando nos encaixar naquilo que nos é mais confortável ou, como é minha busca, escapar a esses encaixes).

Então as estratégias ficam apreendidas nessas sistemáticas, nessas precauções, e perdem-se enquanto sinalizações daquilo que poderia ser mais óbvio: que agentes & sujeitos dessas ações são seres humanos, e mesmo antes e depois disso são vidas, e que o que se faz sempre é relação humana - ou, antes e depois disso, é ponte para a vida ser expressa. Como, junto ou fugindo dos sistemas, se vive o vivo?

8 de maio de 2011

Por um nomadismo contemplativo

Tudo anda tão rápido. A aparência é de uma vida que vem de fora, de estruturas e organizações que pressionam e puxam simultâneamente. As respostas são multitudes de falas, a prodção incessante de discursos, que tentam dar conta da vida apreendida pelo fazer do ter de fazer.

É preciso tomar o tempo em uma produção de diminuição de velocidade. É preciso tomar as falas pela necesidade de respiros, de tomar os discursos pelo estado de silêncio. Largar mão dos absolutos e só apreender a vida através de dinâmicas de incerteza.

Assim, escrever como quem cruza fronteiras, tantas e tantas vezes, até que se retome os ambientes como espaços intraçáveis. E entõ que a própria visão visão de fronteira desapareça... e ela se torne, no máximo, um litoral.

5 de maio de 2011

De suor e casacos

Camadas de casacos e corpo suado. Rosto vermelho, amassado; testa marcada de toca e presilha de capacete. Leve cheiro de graxa nas mãos, que ficou do guidão da última vez que a correia caiu.

Resgato um devir-motoqueiro desse enfrentamento entre meu corpo quente e o ar frio pelo qual passo. Resgato essa impetuosidade, esse colocar-se pelo se colocar a parte. E resgato meu próprio corpo, usina de calor a cada pedalada.

Ao mesmo tempo, me inspiro no devir-motoqueiro para instaurar um lugar diferenciado daquele colocado a quem anda de bicicleta. Fujo da fragilidade, da meninice colocada como futilidade para a meninice como leveza e prazer. Da idéia de vagabundagem para o convite à ação.

Pedalo no frio de Porto Alegre suando feliz por debaixo dos casacos. Golpeio as idéias, destruo as clausuras, rio do inapropriado - meu corpo suaria igualmente bem de gravata. Luto sem disparar uma única arma: canto ao passar pelos carros enlatados. Brado a liberdade à liberdade.

Sorrio enquanto tantos, seguindo o correto, se engavetam.

texto postado simultaneamente em

10 de abril de 2011

Como escrevo?

1) Por necessidade.

2) Como faço um exercício (corporal) novo. E, a cada vez, estou pelo menos um pouco, ou então muito, fora de forma.

3) Como flerto com uma mulher, com a qual não falarei.

4) Como imagino flertar com uma mulher.

(Os textos criados pelo método 4 costumam ser sumariamente apagados.)